Nova pesquisa para o lúpus¹: medicamento oral pode ajudar a controlar sintomas da doença

Apesar de ser muito conhecido pelas lesões avermelhadas em formato de asa de borboleta no rosto, o lúpus vai muito além disso. A condição pode causar inúmeros sintomas no corpo tão diversos que torna desafiador o próprio diagnóstico. Entre o aparecimento do primeiro sintoma e a chegada ao diagnóstico correto de lúpus pode levar anos².

Como é uma doença inflamatória e autoimune, as defesas ficam desreguladas e produzem substâncias que atacam diversas partes do corpo. Com isso, os sintomas são variados, desde fadiga, febre, dor nas articulações, quedas de cabelo, passando pelas lesões avermelhadas na pele que surgem ou pioram quando expostas ao sol, dor de cabeça, confusão mental, entre outros³. Por isso, o lúpus de um paciente nunca será igual ao lúpus de outro.

Se o diagnóstico por si só já traz desafios, a escolha assertiva do tratamento também pode não ser tão fácil assim. Contudo, nos últimos dez anos as opções terapêuticas avançaram expressivamente e, atualmente, os pacientes podem contar com uma quantidade mais variada de medicamentos. Atualmente, o tratamento do lúpus pode ser feito com o uso de corticosteróides, medicamentos antimaláricos e agentes imunossupressores⁴.

“Entretanto, essas opções de tratamento muitas vezes não são suficientes para controlar a atividade da doença, e podem estar associadas a diferentes efeitos colaterais, os quais impossibilitam, muitas vezes, sua utilização. Isso levou à necessidade da pesquisa e desenvolvimento de medicamentos direcionados a alvos específicos no sistema imune”, explica a reumatologista Andrea Lomonte, pesquisadora clínica no Centro Paulista de Investigação Clínica (CEPIC).

Novidade à vista

De acordo com a pesquisadora, com o estudo mais aprofundado dos mecanismos da doença está sendo possível identificar várias novas moléculas do sistema imune como potenciais alvos terapêuticos. Com isso, tem sido possível também desenvolver medicamentos alvo-específicos, que atuam de forma inteligente inibindo células ou enzimas específicas no lúpus, como é o caso do deucravacitinibe, que está em fase de pesquisa clínica⁵.

Atualmente, o deucravacitinibe⁶ é aprovado em bula apenas para tratamento da psoríase em placas. O medicamento, que é por via oral, atua inibindo uma enzima chamada tirosina quinase 2 (TYK2), o que leva a uma redução na resposta inflamatória presente na psoríase. A TYK2 também está envolvida nos processos imunológicos que levam ao lúpus eritematoso sistêmico. De olho nisso, os novos estudos avaliam a possibilidade de resposta na redução da inflamação da doença com o medicamento⁷.

“Em vários países, inclusive no Brasil, vem sendo realizada pesquisa clínica com esse medicamento, para o tratamento do lúpus, já numa fase avançada de desenvolvimento. Estudo preliminar mostrou que ele foi capaz de proporcionar melhora da artrite, das lesões de pele e dos índices que medem a atividade do lúpus”, conta a reumatologista.

Pesquisa clínica em andamento para tratamento do lúpus

A pesquisa, que está em andamento na fase 3 e da qual voluntários brasileiros estão participando, procura confirmar os dados observados no estudo preliminar⁸, num maior número de pessoas com essa doença⁹.

Ao todo 1100 pacientes serão incluídos, sendo aproximadamente 100 pacientes aqui no Brasil.

Atualmente, a pesquisa está sendo realizada simultaneamente em 33 países. Podem se candidatar pessoas entre 18 e 75 anos, que tenham lúpus eritematoso sistêmico há mais de 24 semanas e que estejam usando pelo menos uma medicação para tratamento da doença há 12 semanas ou mais.

Para se candidatar a participar da pesquisa clínica, basta preencher o formulário neste link. Se o participante se encaixar nos critérios do estudo, receberá contato da equipe com mais informações e os próximos passos.

Referências bibliográficas

Fonte: Beatriz Libonati- Bristol Myers Squibb


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