Recomendação da Conitec sobre vacina para gestantes e bebês é referência no relatório publicado pela OMS

O boletim publicado cita a estratégia combinada entre medicamentos e vacina incorporada no Brasil para imunização de gestantes e bebês contra o vírus sincicial respiratório (VRS).

Em Boletim Epidemiológico Semanal (BES) divulgado na quinta-feira (30), a Organização Mundial da Saúde (OMS) cita e referencia a recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) sobre medicamentos e vacinas de imunização para proteger mulheres grávidas no terceiro trimestre e seus bebês contra o vírus sincicial respiratório (VRS) – a principal causa de infecções respiratórias baixas agudas em crianças em todo o mundo. 

No Brasil, o Ministério da Saúde incorporou duas novas tecnologias para prevenir complicações causadas pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR), uma das principais causas de infecções respiratórias graves em bebês. A medida faz parte da estratégia de redução da mortalidade infantil associada ao vírus, por meio da imunização ativa de gestantes e bebês prematuros. A recomendação para a incorporação dessas tecnologias foi da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), em fevereiro de 2025.

Para a jornalista e representante titular do Comitê de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, Priscila Torres, “XXXXXX”

Anualmente, o VRS causa cerca de 100.000 mortes e mais de 3,6 milhões de internações em crianças menores de 5 anos em todo o mundo. Cerca de metade dessas mortes ocorre em bebês com menos de 6 meses de idade. A maioria (97%) das mortes por VRS em bebês ocorre em países de baixa e média renda, onde há acesso limitado a cuidados médicos de suporte, como oxigênio ou hidratação.

“O VRS é um vírus incrivelmente infeccioso que infecta pessoas de todas as idades, mas é especialmente prejudicial para bebês, particularmente aqueles que nascem prematuros, quando são mais vulneráveis a doenças graves”, diz a Dra. Kate O’Brien, Diretora de Imunização, Vacinas e Biológicos da OMS. “Os produtos de imunização contra o VRS recomendados pela OMS podem transformar o combate à doença grave por VRS, reduzir drasticamente as internações e as mortes, salvando, em última análise, muitas vidas de bebês em todo o mundo.”

O VRS geralmente causa sintomas leves semelhantes aos do resfriado comum, incluindo corrimento nasal, tosse e febre. No entanto, pode levar a complicações graves – incluindo pneumonia e bronquiolite – em bebês, crianças pequenas, adultos mais velhos e aqueles com sistemas imunológicos comprometidos ou condições de saúde subjacentes.

A recomendação da Conitec no Brasil

No Brasil a estratégia combinada de vacina e medicamentos prevê proteção em cerca de 2 milhões de crianças em seus primeiros meses de vida, idade mais vulnerável a complicações.Os estudos apresentados à Conitec mostram que a vacina para gestantes pode prevenir aproximadamente 28 mil internações anuais. 

As tecnologias recomendadas são o anticorpo monoclonal nirsevimabe, indicado para proteger bebês prematuros e crianças até 2 anos nascidas com comorbidades, e a vacina recombinante contra os vírus sinciciais respiratórios A e B, dada em gestantes para proteger os bebês nos primeiros meses de vida. Ambas foram avaliadas durante a 137ª Reunião Ordinária da Conitec, que considerou o impacto positivo dessas medidas na prevenção de hospitalizações e óbitos infantis.

Dados da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) indicam que o VSR é responsável por cerca de 80% dos casos de bronquiolite e até 60% das pneumonias em crianças menores de dois anos. Estima-se que uma em cada cinco crianças infectadas pelo VSR necessite de atendimento ambulatorial, enquanto uma em cada 50 seja hospitalizada no primeiro ano de vida. Entre 2018 e 2024, foram registradas 83.740 internações de bebês prematuros (menos de 37 semanas) devido a complicações relacionadas ao vírus, como bronquite, bronquiolite e pneumonia.

A estratégia é fruto do trabalho integrado da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (SAPS), do Programa Nacional de Imunizações (SVSA) e do Departamento de Assistência Farmacêutica (SECTICS). A iniciativa reforça o compromisso do Ministério da Saúde em reduzir a mortalidade infantil e diminuir a pressão no sistema de saúde, que enfrenta grande sobrecarga durante os períodos de alta circulação do VSR. 

A recomendação da OMS

Em resposta à carga global da doença grave por VRS entre bebês, a OMS recomenda que todos os países introduzam a vacina materna, RSVpreF, ou o anticorpo monoclonal, nirsevimab, dependendo da viabilidade da implementação no sistema de saúde existente de cada país, da relação custo-efetividade e da cobertura prevista. Ambos os produtos foram recomendados pelo Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização (SAGE) para implementação global em setembro de 2024. Além disso, a vacina materna recebeu pré-qualificação da OMS em março de 2025, permitindo sua compra por agências da ONU.

A OMS recomenda que a vacina materna seja administrada a mulheres grávidas durante o terceiro trimestre da gravidez, a partir da 28ª semana, para otimizar a transferência adequada de anticorpos para o bebê. A vacina pode ser administrada durante os cuidados pré-natais de rotina, incluindo uma das 5 consultas pré-natais recomendadas pela OMS no terceiro trimestre ou em quaisquer consultas médicas adicionais.

O segundo produto de imunização recomendado pela OMS, nirsevimab, é administrado como uma única injeção de anticorpos monoclonais que começa a proteger os bebês contra o VRS em uma semana após a administração e dura pelo menos 5 meses, o que pode cobrir toda a temporada do VRS em países com sazonalidade do VRS.

A OMS recomenda que os bebês recebam uma dose única de nirsevimab logo após o nascimento ou antes de receber alta de uma maternidade. Se não administrado ao nascimento, o anticorpo monoclonal pode ser administrado durante a primeira consulta de saúde do bebê. Se um país decidir administrar o produto apenas durante a temporada do VRS, em vez de durante todo o ano, uma dose única também pode ser administrada a bebês mais velhos pouco antes de entrarem em sua primeira temporada do VRS.

O maior impacto na doença grave por VRS será alcançado administrando o anticorpo monoclonal a bebês com menos de 6 meses de idade. No entanto, ainda há um benefício potencial entre bebês de até 12 meses de idade.

A OMS publica regularmente documentos de posição atualizados sobre vacinas, combinações de vacinas e outros produtos de imunização contra doenças que têm grande impacto na saúde pública. Esses documentos concentram-se principalmente no uso de vacinas em programas de vacinação em larga escala. O novo documento visa informar os formuladores de políticas de saúde pública nacional e os gestores de programas de imunização sobre o uso de produtos de imunização contra o VRS em seus programas nacionais, bem como agências de financiamento nacionais e internacionais.

Cris Cirino- Biored Brasil

Fontes: Conitec e Organização Mundial de Saúde (OMS)

Foto: Breno Esaki/SES-DF


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