Especialistas e lideranças reforçam a importância do cuidado integral e do financiamento tripartite para garantir acesso e equidade na atenção às doenças reumáticas.
O Fórum com Líderes de Associações de Pacientes, promovido pela Comissão de Relacionamento com Associações da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), reuniu representantes de entidades de pacientes, gestores e especialistas para discutir os avanços e desafios das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). O destaque do encontro foi a recente aprovação da Política Nacional de Atenção Integral de Saúde às Pessoas com Doenças Reumáticas, um marco histórico na reumatologia brasileira.
Formalizada pela Resolução nº 777, a política foi aprovada no plenário do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e visa oferecer um cuidado abrangente a cerca de 15 milhões de brasileiros afetados por doenças reumáticas, além de busca melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir os custos sociais e econômicos.
O reumatologista Dr. André Hayata, coordenador da Comissão de Políticas Públicas da SBR, apresentou uma análise contundente sobre o impacto das doenças crônicas, especialmente as reumáticas, que afetam milhões de brasileiros em idade produtiva. Segundo o especialista, o diferencial da política está no modelo de financiamento tripartite, envolvendo União, estados e municípios, que garante sustentabilidade e execução efetiva das ações.
“Não basta aprovar no papel. É preciso orçamento, execução e acompanhamento para que o cuidado integral se torne realidade desde a atenção básica até os centros especializados”, destacou o coordenador da SBR.
Hayata explicou ainda que o país registra um prejuízo estimado em R$ 40 bilhões anuais em perda de produtividade devido às DCNTs. “A ausência de diagnóstico precoce, a fragmentação da assistência e o alto custo dos medicamentos criam desigualdade de acesso. Temos um sistema em que poucos conseguem o cuidado adequado, enquanto a maioria permanece desassistida. Isso aprofunda as barreiras entre saúde pública e suplementar”, afirmou.
Cuidado integral e redução da judicialização
Hayata também defendeu a criação de linhas de cuidado estruturadas, integrando os níveis primário, secundário e terciário de atenção, além da atualização constante dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs). Ele alertou que a judicialização não deve ser a principal via de acesso. “O tratamento sem acesso não serve para nada. A inovação precisa estar ao alcance de todos, e não apenas daqueles que conseguem recorrer à Justiça”, afirmou.
CNS e associações de pacientes: a força da participação social
O especialista fez questão de ressaltar o protagonismo do Conselho Nacional de Saúde (CNS), responsável por conduzir a aprovação da política, e o papel transformador das associações de pacientes. “O CNS tem um poder político maior do que as sociedades médicas, porque leva a voz dos pacientes ao centro das decisões”, afirmou. Hayata explicou ainda que a mobilização das associações é essencial para que uma política aprovada se torne ação concreta.
“O desafio agora é garantir que a política saia do papel, com financiamento contínuo e cuidado integral, para que nenhum paciente reumático permaneça invisível ao sistema de saúde”, concluiu.
Para a conselheira nacional de saúde, representante do segmento de usuários no CNS, pela Biored Brasil, Priscila Torres, ressaltou que a nova política é resultado direto da mobilização social e do diálogo entre pacientes, gestores e especialistas. “A aprovação dessa política mostra que a voz dos pacientes tem força quando é ouvida nos espaços de controle social. A participação social é o caminho para transformar políticas em ações concretas e garantir que o direito à saúde chegue a todos os que convivem com doenças crônicas”, afirmou.
A aprovação da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Reumáticas reforça a importância do diálogo entre sociedade civil, entidades médicas e o poder público. O Fórum com Líderes de Pacientes se consolida como espaço essencial para ampliar o protagonismo do paciente, fortalecer a participação social e garantir que o avanço das políticas públicas se traduza em acesso real, equitativo e integral à saúde.
Saiba mais sobre a atuação da Biored Brasil e iniciativas em defesa dos pacientes com doenças crônicas no site oficial: www.biored.org.br
Cris Cirino.