28/07 – Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais.
“No Brasil estima-se a existência de 1 milhão de portadores de Hepatite B e 520 mil portadores de Hepatite C. Um pouco mais de um terço dos casos tem diagnóstico conhecido e conseguem acessar o tratamento. A falta de diagnóstico é o principal empecilho na meta estabelecida pela OMS e assumida pelo Brasil para a eliminação das hepatites virais até 2030”, comenta Dr. Regis Kreitchmann, ginecologista presidente da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).
As hepatites virais são doenças infectocontagiosas transmitidas por vírus, que tem como órgão alvo as células hepáticas, podendo causar quadros leves e de boa evolução até quadros que evoluem para hepatite crônica podendo levar à cirrose, câncer hepático e morte.
Os tipos de hepatites virais mais conhecidas e seus meios de contágio são: Hepatite A, que possui contágio pela água contaminada com fezes humanas, bem como pelo consumo de verduras, frutas, legumes, peixes e moluscos em contato com essa água. As hepatites B e C possuem contágio pela relação sexual sem preservativo e por meio do contato com o sangue contaminado pelo uso compartilhado de seringas, agulhas ou instrumentos não esterilizados. Ambas são mais agressivas, tendem a cronificar e causar câncer, podendo ser transmitidas na gravidez da mãe ao seu bebê.
O diagnóstico – A hepatite A possui apenas teste convencional de sangue com a técnica de ELISA (Ensaio Imunoabsorvente Ligado à Enzima). As hepatites B e C são diagnosticadas através do uso de teste rápido, disponíveis nas unidades básicas de saúde, com resultado disponível em apenas 15 minutos. Na ausência de teste rápidos, os testes laboratoriais específicos podem ser solicitados, e o resultado costuma ficar pronto em poucos dias.
Sintomas – São comuns à maioria das viroses como febre, náuseas, vômitos e fraqueza. “O amarelão dos olhos (icterícia), urina escura e fezes claras são marcadores importantes do comprometimento hepático. Com a evolução da doença podemos observar hemorragia digestiva, acúmulo de água no abdômen (ascite) e alterações neurológicas”, explica Dr. Regis.
Formas de prevenção – A hepatite A é facilmente prevenida por meio da vacina, que está disponível desde 2014 e indicada no calendário vacinal do SUS para crianças até os 5 anos de idade, adultos portadores de hepatites, portadores do HIV, homens que fazem sexo com homens e usuários de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). Outra forma de prevenção é lavar muito bem frutas, verduras, legumes, peixes, ou seja, comer alimentos higienizados e lavados em água corrente filtrada.
A hepatite B pode ser evitada pela vacina, que existe no calendário vacinal do SUS desde 1998, possui recomendação de uso universal com doses que iniciam desde o nascimento e são completadas aos 6 meses de idade. “Esse esquema, caso tenha sido interrompido, poderá ser completado em qualquer idade. Outras indicações para vacinar são os portadores do HIV, profissionais da saúde, homens que fazem sexo com homens, pessoas que moram com portadores de hepatite B e os portadores de outras doenças hepáticas crônicas”, complementa o ginecologista. Ainda não existe vacina para a hepatite C.
O especialista explica ainda que o diagnóstico e tratamento de gestantes com Hepatite B crônica por meio do uso de antivirais (quando indicados) – associados à vacinação e ao uso de imunoglobulina anti Hepatite B ao recém-nascido – são capazes de evitar a transmissão do vírus ao bebê.
Tanto a hepatite B quando a hepatite C podem ser evitadas através do uso de preservativos nas relações sexuais e evitando o compartilhamento de instrumentos não esterilizados que tiveram contato com sangue, tais como lâminas, seringas, agulhas, alicates e escova de dentes.
Quem deve testar para doença? – O teste deve ser universal para todos os indivíduos maiores de 20 anos pois, somente assim, será possível detectar os portadores e tratá-los adequadamente, evitando a progressão, disseminação da doença e atingir a eliminação das hepatites virais na população. “Essa meta pode ser atingida, mas ainda esbarra na falta de acesso a testagem universal”, sinaliza Dr. Regis.
Ele acrescenta que, enquanto isso, é possível trabalhar na micro-eliminação das hepatites com a testagem dos grupos mais vulneráveis como: pessoas nascidas na região amazônica ou imigrantes, gestantes, filhos de portadores crônicos de hepatite, profissionais da saúde, pessoas com exposição percutânea a materiais biológicos, que não obedecem normais de vigilância sanitária, pessoas que fazem uso de drogas injetáveis, inaladas ou tragadas ou uso abusivo de bebidas alcoólicas, pessoas em situação de rua, indígenas, ribeirinhos ou quilombolas, população encarcerada, portadores de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) ou com histórico de ISTs, homens que fazem sexo com homens, pessoas portadores do HIV, pessoas com múltiplas parcerias sexuais e/ou uso inconstante do preservativo, profissionais do sexo, pessoas em uso de profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP).
- Hepatite viral tem cura? – Com a hepatite B obtemos a cura funcional e evita-se a evolução da doença e a transmissibilidade, mas exige o uso contínuo do antiviral ao longo da vida. A hepatite C tem cura com o uso durante poucos meses de medicamentos orais que estão disponíveis no SUS , desde que tenha sido feito o diagnóstico da doença e encaminhada a paciente a um gastroenterologista ou hepatologista”, conta o especialista da FEBRASGO.
- Cuidados adicionais – Pessoas que convivem com portadores de hepatite B devem estar vacinadas e fazer exame de produção de anticorpos. Aquelas que convivem com portadores de hepatite C devem apoiar que o início do tratamento do portador ocorra o mais cedo possível até garantir a cura da doença. “Enquanto isso não acontece, deve-se evitar a exposição ao sangue, não compartilhar instrumentos perfuro-cortantes, lâminas, escovas de dentes e usar preservativos em todas as relações sexuais. Todas as pessoas que convivem com portadores de hepatites crônica devem ser testados”, finaliza o médico.
Fonte: Gengibre Comunicação
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