“Chip da Beleza” vulgariza um tratamento sério

Implantes hormonais têm indicações bem estabelecidas, entre elas menopausa e hipogonadismo

O hormônio gestrinona está sendo usados como o “Chip da Beleza”, porém, associações médicas contraindicam o seu uso para fins estéticos.

Na mulher, a gestrinona tem a ação de inibir o hormônio feminino, suspendendo o ciclo menstrual e proporcionando o ganho de massa muscular. Por isso, passou a ser conhecido como chip da beleza. A gestrinona, inclusive, é considerada doping pela Agência Mundial Antidoping por esses efeitos androgênicos potentes que essa medicação tem.

Na entrevista que segue, a endocrinologista Dra. Lorena Lima Amato explica quando os implantes hormonais podem ser recomendados e quais os riscos dos chamados chips da beleza.

Qual diferença entre implante hormonal e chip da beleza?

O chip da beleza é um termo que se popularizou para se identificar alguns implantes hormonais geralmente associados à ação anabólica, eventualmente gestrinona e testosterona. Sabemos que alguns hormônios aumentam a massa muscular e diminuem a gordura subcutânea quando associado a um treino e alimentação saudável. No entanto, o uso de hormônio para fins estéticos é absolutamente avesso aos endocrinologistas. O chip vulgariza um tratamento sério. Não é um chip, mas um tratamento hormonal e nós, endocrinologistas, não somos a favor de hormônios para fins estéticos. Hormônios só devem ser indicados quando há deficiência hormonal.

Para que serve o implante hormonal?

Os implantes hormonais servem para fazer a reposição quando necessário, principalmente os esteroides sexuais – testosterona e estradiol – para pessoas que têm deficiência e indicação dessa reposição. Temos algumas opções subcutâneas no mercado na forma transdérmica e na forma de géis, uma via considerada melhor que a via oral para reposição hormonal.

Para quais distúrbios hormonais o implante está indicado?

As principais indicações são para:

  • – Hipogonadismo: Em homens se refere a uma condição que cursa com a queda dos níveis de testosterona e pode estar associado à síndrome metabólica, obesidade, diabetes, e até mesmo ao envelhecimento, quando chamamos frequentemente essa situação de andropausa. Também pode ser congênito.
  • – Retirada cirúrgica de ovários
  • – Menopausa precoce
  • – Menopausa fisiológica tradicional

Qualquer mulher que está na menopausa pode fazer uso de implante hormonal?

Mulheres com câncer de mama, eventos trombóticos e infarto, por exemplo, não estão indicadas a fazer o uso de reposição normal. É preciso individualizar para chegar ao melhor tratamento.

Quanto tempo o implante hormonal fica sob a pele?

Depende do tipo de implante que está sendo usado, pode ficar de seis a oito meses. Existem os implantes absorvíveis, que não precisam ser retirados, e os feitos de silicone, que precisam ser removidos após o período determinado pelo especialista.

Existe efeitos adversos? Se sim, quais?

Os efeitos são os mesmos de qualquer reposição hormonal, só é uma via diferente. Lembrando que a via oral tem mais efeitos adversos no fígado e piora da libido.

O implante hormonal é aprovado pela Anvisa?

Sim, é aprovado como uma forma de reposição hormonal, mas reforço que não é recomendado usar para fins estéticos.

Pode ser feito por farmácias de manipulação?

Atualmente, os implantes só são manipulados, o que tem o lado positivo e negativo. Não existe um implante padronizado pela indústria farmacêutica. O lado bom é que você pode personalizar a reposição hormonal. O lado ruim é que a manipulação tem todas as suas dificuldades inerentes à farmácia de manipulação.

Sobre a Dra. Lorena Lima Amato – A especialista é endocrinologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com título da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM) e endocrinopediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria. É doutora pela USP e professora na Universidade Nove de Julho.

Serviço:

Sites:https://endocrino.pro/www.amato.com.br
Instagram: https://www.instagram.com/dra.lorenaendocrino/

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