Coronavírus em pacientes com psoríase e doenças imunomediadas dermatológicas: importância e segurança da manutenção do tratamento

Dermatologista fala sobre as recomendações para o tratamento e os riscos para esses pacientes

Seguindo com o objetivo de conscientizar e educar os pacientes neste período de pandemia em relação ao autocuidado em mais uma transmissão online, o Dr. Paulo Oldani, dermatologista e Priscila Torres, da Biored Brasil, se reuniram virtualmente para debater o cenário atual para os pacientes com doenças dermatológicas imunomediadas. O webinar “Coronavírus em pacientes com Psoríase e Doenças Imunomediadas Dermatológicas: importância e segurança da manutenção do tratamento”, transmitido em 1º de dezembro, está disponível no link: https://youtu.be/jAlemmSzJWA 

Dr. Oldani iniciou sua apresentação explicando aspectos gerais do coronavírus para contextualizar os pacientes sobre a sua forma de ação. Segundo ele, o vírus infecta normalmente morcegos e aves e, em geral, possui alta capacidade de mutação. Por isso, é possível que o contágio em humanos tenha começado após uma mutação na infecção de animais. 

O médico ressaltou que embora no início se acreditasse que a doença se caracterizava apenas por meio de sintomas respiratórios, tem-se conhecimento de outras manifestações que atingem diferentes parte do corpo. Muitos pacientes apresentam dores de cabeça, abdominais, náuseas e diarréia. Assim como alguns também apresentam manifestações cutâneas.

Durante o webinar, Dr. Oldani destacou que existem pessoas contaminadas que não apresentam quaisquer sintomas do vírus, por isso o uso das máscara e de medidas de segurança como a higiene das mãos e o distanciamento social são muito importantes para evitar a transmissão. O dermatologista reforçou que os fatores de risco para evolução grave da Covid-19 são: idade acima de 60 anos e comorbidades como diabetes, doenças cardiovasculares, obesidade e doenças pulmonares prévias. 

Uso de imunossupressores e o risco para Covid-19

O médico iniciou compartilhou em sua participação o receio que teve no início da pandemia em relação aos seus pacientes. Afinal, muitos deles utilizam imunossupressores de forma regular para o controle da doença dermatológica imunomediada e quando a pandemia começou ainda não havia informações sobre como o coronavírus agiria nesses pacientes. 

Desde então, os profissionais da saúde têm realizado estudos para solucionar essa dúvida e, segundo Dr. Oldani, ao analisarem os pacientes que utilizam esse tipo de medicação descobriram que não há relatos de que os imunossupressores sejam fatores de risco para a Covid-19. Além disso, no geral, esses pacientes apresentam risco menor de internação, de intubação ou da utilização de respiradores mecânicos. Entretanto, ele destacou que alguns estudos mostram sim, um risco pouco maior desses pacientes serem infectados pelo coronavírus.

O dermatologista afirmou que não há nenhuma evidência científica até o momento que mostre que os medicamentos utilizados para as doenças dermatológicas imunomediadas causem piora na evolução pela Covid-19 ou um número maior de casos graves. Além desses medicamentos não aumentarem o risco de infecção das vias respiratórias de forma significativa.

Em um estudo na Itália apresentado pelo médico na transmissão, de 5200 pacientes em uso de medicamento biológico para psoríase apenas quatro precisaram ser hospitalizados e nenhum deles precisou ir para o CTI. Ainda de acordo com o estudo, dois pacientes tiveram o PCR positivo e estavam assintomáticos. 

Outro estudo incluiu 243 pacientes renais, que usam imunossupressores mais fortes, e também não houve casos graves, apenas um precisou ser internado, mas se recuperou. E dos 980 pacientes em tratamentos com biológicos para psoríase, não houve nenhuma morte ou internação. 

O Dr. Oldani também compartilhou dados do estudo Coviderm Brasil, no qual foram analisados pacientes com doenças imunomediadas dermatológicas que testaram positivo para a Covid-19, sendo as principais doenças a psoríase, a artrite psoriática, dermatite atópica, lúpus e esclerose sistêmica. De todos os pacientes envolvidos, houve apenas um óbito em um paciente que possuía diversas comorbidades. Os demais evoluíram bem à infecção pelo coronavírus. 

Recomendação da continuidade do tratamento segundo as sociedades médicas

O médico apresentou também os posicionamentos das sociedades médicas americanas e europeias, assim como as brasileiras sobre a relação da Covid-19 com as doenças imunomediadas. Os pacientes em uso de medicamentos biológicos/imunossupressores que não apresentem sintomas de contágio por coronavírus não devem suspender a medicação, pois a interrupção do tratamento da patologia pré-existente pode aumentar a atividade da doença e gerar sérias complicações. 

Nos casos em que o paciente em uso de terapias biológicas seja contaminado pelo coronavírus, a recomendação é de suspensão dos medicamentos, após avaliação do médico responsável, até sua recuperação. Essa recomendação é para qualquer tipo de infecção e não apenas para a Covid-19, garantiu o dermatologista.

Já para os pacientes com indicação para início de terapia biológica neste período da pandemia os médicos precisam avaliar o risco versus benefício antes do começo do tratamento. Essa avaliação tem de ser feita individualmente, já que pacientes com a doença em estágio grave podem ter tanto risco, ou mais, do que iniciar o tratamento com imunossupressor. 

Autocuidado é essencial

Dr. Oldani ainda fez questão de ressaltar que o autocuidado é uma atitude  muito importante e que os pacientes não podem esquecer disso, principalmente agora com a proximidade das festas de fim de ano.

“Temos de ter consciência de que estamos vivendo um aumento de casos, por isso o isolamento social é fundamental. Precisamos manter os cuidados de higiene, com álcool em gel e lavar as mãos. Agora no fim de ano, todo mundo vai querer ver seus familiares, abraçá-los, beijá-los para desejar Feliz Natal, que é o normal. Mas esse ano a gente vai ter de ter a consciência de que não dá para fazer isso normalmente. A gente vai ter de tomar alguns cuidados, principalmente, os pacientes. Mas não só eles, nós também temos de proteger os idosos”, disse ele. 

Ainda sobre o autocuidado, Priscila Torres, da Biored Brasil, acrescentou: “O ano de 2020 com certeza entrou para a história da humanidade. Acredito que temos sempre de pensar nas coisas boas e que elas devem ficar. Por exemplo, quando a gente olha os dados da medicina a gente vê o quanto que as doenças comuns da infância diminuíram. Por que isso? Porque nós criamos o hábito de lavar as mãos. E não foi só nas crianças, na população adulta também. O autocuidado tem de ficar”, finalizou.

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