Falta de remédios de alto custo gera reclamações em Piracicaba

Pais não sabem a quem mais apelar para conseguir regularmente medicamentos na Farmácia de Alto Custo de Piracicaba

“Estamos tendo uma grande dificuldade na questão do medicamento do meu filho porque está indo para quatro meses que está em falta. A reposta é que eles, da farmácia, não têm o que fazer. É remédio controlado, que não pode ter quebra”.

O desabafo é de Ricardo Fernando Mendes da Cruz, que há quatro meses espera chegar o Keppra de 750 miligramas para seu filho Gabriel, 16, ministrado para tratamento do sistema neurológico.

A falta deste medicamento e de outros na Farmácia de Alto Custo de Piracicaba, gerou reclamações na segunda-feira (7), quando muita gente foi buscar e não encontrou.

Uma caixa do Keppra, segundo Ricardo, dura apenas 10 dias e custa em torno de R$ 200,00. Quando vai buscar o remédio, aguarda na fila, e recebe a notícia que não tem. Segundo ele, bate o desespero.

“Será que a Saúde acabou se esquecendo o que significa ter que tomar um remédio controlado?”, questiona. Silvana Trevisan diz que já reclamou no telefone de número 136 que as doses de Betainerferona, que a filha Thainá toma no músculo, estão em falta.

Quatro ampolas — ela toma uma por semana — custam cerca de R$ 8 mil. Sem a medicação a doença, que estava estabilizada, voltou. “Fiz reclamação na auditoria da Secretaria de Saúde e ninguém sabe informar o motivo da falta de medicamento”, revela.

Ontem, com pedido médico, Silvana aguardava uma internação para que a filha possa receber a medicação via intravenosa.

Sintia da Palma Pereira esteve ontem na farmácia para buscar o remédio da filha Nathália, de 20 anos — chama Quetiapina, 25 mg —, mas, está em falta.

Ministério da Saúde

A Secretaria de Estado da Saúde informou que os medicamentos citados pela reportagem são de responsabilidade de aquisição e distribuição do Ministério da Saúde, que segue sendo cobrado pelo Estado de SP por providências para regularização. Atrasos e entregas parciais impactam diretamente na assistência aos pacientes. O governo federal sinalizou a entrega ainda neste mês. A Secretaria de Estado da Saúde de SP aguarda novos recebimentos para distribuição às Farmácias de Medicamentos Especializados (FME) do Estado.

Uma alternativa

As pessoas prejudicadas podem recorrer à Defensoria Pública, órgão público estadual voltado para atendimento gratuito da população vulnerável, onde pode ser expedido um ofício requisitando o fornecimento do medicamento prescrito e em caso de negativa, o ajuizamento de mandado de segurança perante o juízo da Fazenda Pública.

De acordo com a Carolina Romani Brancalion, 3ª defensora pública de Piracicaba, e coordenadora da unidade local, quando já houver processo determinando o fornecimento do medicamento e, mesmo assim, estiver sendo descumprida a decisão, pode ser proposto cumprimento de sentença.

É possível fazer o agendamento pelo site www.defensoria.sp.def.br ou 0800-7734340 ou pessoalmente na rua Benjamin Constant, 823, Centro. Os atendimentos presenciais estão ocorrendo de terça e quinta-feira e os online, de segunda, quarta e sexta-feira.

No dia do atendimento é necessário levar comprovante de rendimento de toda a entidade familiar, ou seja, de todas as pessoas que residem no local.

É necessário também levar documentos pessoais, comprovante de residência e um laudo extremamente detalhado, demonstrando a necessidade do medicamento, com o CID da doença, bem como, a informação se existe outro medicamento alternativo fornecido pelo SUS, que possa ser utilizado e em caso de impossibilidade, a justificativa dos motivos e ainda, as consequências deletérias na ausência do medicamento.

Fonte: Gazeta de Piracicaba.

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